quinta-feira, 19 de junho de 2008

Minha casa tem um cheiro estranho, está num estado estranho de bagunça e desordem total, tal qual minha desordem mental... estou vendo dentro de mim um deserto e dentro do deserto alguma coisa que parece uma miragem, a qual tento chegar mais perto, mas percebo que é só mais uma passagem para outra miragem, para uma outra imagem mais profunda dentro de mim.
Não sei qual a imagem que se forma ao fundo, mas a impressão é que parece um poço, um poço que deve conter uma água pura e cristalina, uma água que me reflete, reflete um conselho, algo que não sei se quero seguir, acho que ela pede que eu me jogue, jogue dentro de si e me torne algo puro, "possua pensamentos puros, duros e brutos como pedras".
Estou pensando nesse poço, nessa água, como ser puro?? apenas sendo bruto. Como ser bruto?? apenas sendo uma pedra. Como ser uma pedra? apenas sendo sincero consigo mesmo e com o mundo. Como ser sincero?? apenas esquecendo o medo, sendo duro.
Claro e óbivio que esse conselho não é fácil de ser seguido, mas a questão é queremos ser puros?? não corremos riscos sendo transparentes como vidro?? mas até que ponto conseguiríamos ser transparentes?? a transparência fere, sobretudo a nós que podemos ferir o outro por sermos transparentes, estamos preparados para as facadas de dois gumes, as lanças e os punhais duplos??
Até que ponto a fantasia pode nos proteger da realidade? até que ponto fingir o que não somos nos protegerá?? até que ponto os segredos permanecem guardados?? até o ponto em que não toleramos mais a possibilidade da descoberta??
Viver: estranha arte, a arte mais complexa.

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