sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Pares

Vontade de me jogar nos braços de alguém e simplesmente chorar toda a minha dor.
Tenho tudo guardado dentro de mim à sete chaves, não queria que fosse assim, mas ter tudo revirado e colocado fora de lugar, me faz relembrar e revirar a dor dentro de mim, sei que é para o melhor, as mudanças devem acontecer dentro de nós e precisam de espaço, mas me sinto esgotada, cansada da vida, de tudo que dá errado quando eu mais preciso que dê certo.
Quem vai entender, de uma hora para outra sinto que não tenho mais amigos, que estou só no mundo e que todas as pessoas que estão ao meu redor me fazem sentir uma solidão imensa.
Por que que eu fui criar essa ideia idiota, que para todo mundo tem que existir um par? Que temos que viver em pares? Talvez algumas pessoas tenham somente elas mesmas, como as meias que a gente perde e que ficam ali bolando na gaveta e que a gente tem que combinar com outras que também se perderam, quando todos os pares de meia estão sujos e você precisa sair e calçar um sapato.
Estou tentando tirar essa ideia da cabeça, mas é difícil quando penso que vou passar o resto da vida sem ter um par, esse pensamento pesa, cai sobre mim e me derruba, me faz entrar num estado de imensa tristeza, pois eu sei que nada na vida tem sentido se você não tem um amor, alguém para compartilhar, pra dividir, pra adicionar.
Preciso encontrar equilíbrio, sei que a vida não é assim tão drástica, mas o meu interior e tudo o que sou só faz sentido, quando possuo um par, alguém meu, feito especificamente para mim, todos os seres humanos são diferentes, e eu sou esse mar de sentimentos, que fluem, que escapam, que transbordam, que sufocam. Tenho que vencer a mim, mudar e revirar tudo, me adaptar. Mas não consigo mudar minha essência e necessidade de encontrar um par.
Tenho que aprender a ser feliz sozinha, mas que graça tem isso? Imaturidade minha, existem outras formas de amor, mas elas não me fazem sentir completa, o que é uma tragédia. Será que no mundo existe mais alguém assim? Claro que sim, não sou única, mas agora, nesse exato momento me sinto a única com a tarefa imensurável e insuportável de controlar a si, de crescer dia após dia com a dor e o vazio que carrego no peito, tentando encontrar a felicidade nas pequenas coisas e me concentrar no caminho à minha frente. Se essa é minha missão, terei que aceitá-la, aceitar a minha solidão.

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