Talvez

 Talvez eu esteja perdendo o tempo.

Já me vejo velha

Estou chegando cada vez mais perto

Do meu futuro

E eu, nessa visão de mundo

Encontre, novamente, a solidão

Quem sabe todo o que tenho vivido

Seja para chegar a esse ponto de reflexão

E entender o porquê cheguei no meu estado futuro

Encontrei muitas coisas em meu caminho

Mas elas perderam o sentido de ser

E todo esse tempo passei refletindo

Porque esse sentimento que persiste no meu futuro

Esteve sempre comigo durante os meus presentes

Como que apontando o dedo e me mostrando

"Por isso estás aqui contemplando a montanha,

Escrevendo tuas memórias, para entender porque escolhiste

Trilhar solitária, o caminho da vida".

A resposta foi simples e encontrada há algum tempo

As pessoas permanecem estagnadas em sua evolução

E eu não me encaixo.

Quando me comparo me sinto um fracasso,

Melhor observar de longe.

Por não querer sentir esse sentimento de inveja

Melhor me fixo na janela

E observo a vista

As plantas são os melhores seres.

Nós, apenas poeira.

 Não sei como expressar meus sentimentos

Cada momento que vem e que vai 

Em vão

Já serão esquecidos

Nos momentos a serem seguidos

Pela indecisão

Ferida compelida diretamente ao coração

De rima pobre e profunda

Sem qualquer discussão

Póstuma, absurda

Batidas em silêncio

Que a alma simula

Para sentir dentro do peito

Que ainda funciona a estrutura

Apática e fria

Com ela mesma, uma máquina

Vazia.

Pérdida

 As pessoas que perdí 

Me ensinaram maravilhas

Me ensinaram a percorrer trilhas

Que eu não me atreveria

Se elas não existissem 

E não insistissem para eu viver.

As pessoas que perdí 

Tinham uma risada bonita

Apreciavam uma boa comida

Elas me ensinaram a sorrir 

A gargalhar

E, se possível, não mentir

Eu tento andar leve

Para poder escalar as montanhas 

De obstáculos sem fim

Isso eu também aprendi com essas pessoas-estrela

Que agora iluminam a noite escura

Da minha alma

E são a cura 

Para que eu jamais esqueça 

Que há luz

Apesar do que aconteça.

Tempo

Eu não entendo o tempo
Eu me perco e repito tudo ao mesmo tempo
Eu choro e sofro 
Eu passo o tempo
O tempo todo a cada hora
Em desenvolvimento
Uma hora se nota
O crescimento
Mesmo que agora
O tempo pareça igual ao outro tempo
O que eu devo soltar
E deixar ir embora?
Quando deixarei de persistir no sofrimento
Se tudo tem sua hora?
Eu choro o choro
De deixar ir 
O apego que eu pensava não existir
Causa imensa dor
Acordar da ilusão 
Tomar decisão
Dor, dor, dói
Me corrói
Quebra a minha mão
Constrói e destrói
Sonhos
Feitos de pano
Enganos cheios de nuvens
Deixa chover, quem sabe uma hora brota.

O salvador

Às vezes a gente pensa que alguém vai cair do céu e nos ajudar. Não é bem assim que as coisas funcionam... Temos que seguir o caminho. O salvador não há de ser alguém além de nós mesmos.

Dói e dói muito
Choramos e choramos
Durante todo o percurso que caminhamos
Nos arrastamos e nos rasgamos
Atravessamos essa floresta de espinhos
Que perfuram a carne e atravessam a alma
Que pode nos tirar a vida
Ou nos dar força
Uma força grandiosa.

Não sei como até agora estou viva
Não sei como consegui passar
E continuo passando
Essa floresta de espinhos
E vou suportando cada um deles
Na minha pele e na minha alma.

Não tenho que seguir por esse caminho
Posso desistir e ficar aqui onde estou
Mas sempre me perguntarei
Como será a paisagem do lado de lá?
O que meus olhos devem ver?
O que meu coração deve sentir?
Por que esse caminho tão tortuoso
Me atrai mais que tudo?

Para nos levantar,
Temos que aprender a cair.

A vida dos outros não é nossa vida

Como desafogar de tantas coisas que passam em nossas vidas? Como evitar que elas continuem a ocorrer sem medida, acabando com nossa paz? Como? Dentro das relações humanas há sempre esse conflito, essa necessidade de se meter e complicar a vida do outro, como uma forma de ter um certo poder sobre alguma coisa. Por que o ser humano ainda não se desfez dessa natureza tão vil? A vida do outro não lhe diz respeito, a não ser que essa pessoa tenha feito algo especificamente contra nós.
Não consigo entender e vou seguir pela vida sem compreender esse aspecto que eu sei que também existiu em mim por algum momento, durante um certo período de imaturidade, pois é certo que não nascemos maduros, deixamos nos levar por esses impulsos negativos e é nosso trabalho à medida que crescemos aprender a nos desfazer dessas coisas que realmente não importam, que realmente não nos farão bem.
Apenas aprendamos a ser gentis uns com os outros e ter respeito com as decisões de outra pessoa se elas não afetam em nada em nossas vidas. Olhemos para dentro, arranquemos nossas falhas e nossos julgamentos a cada dia, melhorando a cada dia aquilo que temos dentro de nós que não irradie paz, que não irradie compreensão.