Sonhei com algo, sonhei com o passado, ou quem
sabe com outra realidade, aonde o amor de infância pôde ser vivido, de maneira
simples, idealizado... Tudo havia dado certo e o destino não havia nos separado.
Mesmo assim, nesse sonho não foi assim. Senti que estava casada com duas
pessoas ao mesmo tempo. Havia me separado uma vez, mas permanecia casada quando
me casei pela terceira vez. No sonho foi estranho, pois as duas pessoas estavam
comigo ao mesmo tempo. Ao ver que a terceira pessoa com quem eu me havia casado
era o meu amor de infância, alguém que já faz muito tempo que não aparecia na
minha mente, me surpreendi.
No sonho voltei à minha infância de amores platônicos.
Me deu saudade e pesar. O que será que teria sido de mim se eu não tivesse deixado
minha terra natal? Seria como sou agora? Teria sobrevivido a dureza da minha
realidade, infligida pelas pessoas que eu mais amo? Teria conseguido viver em
algum momento esse amor platônico com quem eu tanto idealizei? Não sei. Mas
senti saudade daquele tempo, daquele príncipe idealizado, que eu sei que
somente existe na minha cabeça, já que a pessoal real não é como eu imaginei
por tanto tempo.
Tenho sonhado com minha família, tenho me auto
criticado por minha forma física. Tenho medo da visita e de escutar que eu não estou
perfeita. Coisas que eu sei que são somente projeções da inveja, que devem
sentir por eu estar morando em um lugar “desenvolvido” em outro país. Mas eu
também tenho inveja, de não ter sido corajosa o suficiente para sobreviver no
meu próprio país e “escapei” na primeira oportunidade. Não pude lidar com as
pessoas apenas criticando os outros em vez de se preocuparem com a sua própria
vida, das fofocas ditas e espalhadas que somente ferem as pessoas envolvidas.
Apesar de viver fora, das dificuldades que
passei aqui, das vezes que tive que me virar sozinha, dos medos que senti, tudo
foi mais fácil. Fácil por não ter pessoas me botando pra baixo, me julgando a
cada decisão. Somente tive que lidar com meu próprio julgamento sobre mim, o
que foi bem pesado. Meu desafio sempre é e sempre vai ser: acreditar em mim
mesma, que eu sou capaz, que eu sou inteligente, que eu tenho coragem. Hão
passados anos e eu ainda estou trabalhando nessa meta. E eu tenho certeza que
vou lutar com isso pelo resto da minha vida. O dano já foi feito na minha infância.
Mas porquê agora, toda essa nostalgia? Mercúrio Retrógrado? Vênus Retrógrada? Provavelmente. Sim gosto de astrologia. Esses são
os trânsitos.
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